Ser sujo ninguém quer saber

Como corpos desencontrados no meio de um qualquer lugar

Amor hidráulico transe catatónico

Saber estar calado

Sujo

Sentir

Engolir para dentro p’ra crer

Amar é a tentativa de escutar o tempo

Quero todo o vazio capaz de me preencher todas as coisas todos os princípios

Todos os homens e todas as mulheres

Viramos belos e grossos animais que dependem que se alimentam uns dos outros

Somos realmente feios sintéticos

Humana falha precisa

 

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""We Might Look for New Lovers" emerge da urgência de pensar o amor e a brutalidade e o gigantismo que lhe são intrínsecos. Não falemos do amor romântico ou na sua forma romantizada, mas sim numa tentativa de nos aproximarmos dele descolada daquilo que a sociedade diz ser e impõem que seja. Um amor na sua potencialidade máxima. Tal e qual como Bauman já afirmou, é evidente a crise pela qual o conceito que nos circunda de amor está a passar. É a aceleração com que todos nos temos vindo a deparar nas nossas vidas, a velocidade de uma humanidade que não tem tempo de o ser já ou as “regras” sociais segundo as quais nos regemos, alheios à sua existência? Podemos pensar o conceito de amor à luz destas razões ou podemos pensá-lo como algo que as ultrapassa e que acompanhou sempre a história da humanidade como algo substancial à existência. Pensar o amor é de uma forma ou de outra refletir sobre a nossa própria substância. A peça é sobre quatro corpos que se predispõem a passar por uma experiência que condiciona o seu comportamento e os leva ao seu limite, como se, estando ali, não pudessem mais estar em controlo de si próprios e da sua matéria. Encontram-se num espaço híbrido, enclausurado, numa espécie de armazém com limites semelhantes aos de um ringue. Vindos de uma rave, a entrada para este ringue é o começo da experiência a que estes corpos se sujeitam. Os impulsos comandam-nos até que, de alguma forma, se gera espaço para a subversão destas ordens impercetíveis. O lugar anterior altera-se e com a sua transformação simula uma sensação de autonomia e liberdade nestes corpos que, a partir deste momento, passam a ter vontade própria, ainda que ilusória. A subversão deste primeiro espaço permite a alteração do percurso individual que cada um dos corpos fora obrigado a ter e proporciona espaço para que, depois de se terem deixado corromper, voltem a tentar encontrar-se a si e ao outro."

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To be dirty
nobody wants to know
like bodies
mismatched in the middle of any place
Hydraulic love catatonic trance
Know how to be silent
dirty
To feel
to swallow
inside
to believe
to love is the attempt to
listen to the weather
I want all the emptiness to able to fill me
all things
all principles
all men and all women
We turn beautiful
and thick animals
that depend
that feed
each other
We are really
ugly
synthetics
human
Failure
needed

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""We Might Look for New Lovers" emerges from the urgency of thinking about love and the brutality and gigantism that are intrinsic to it. Let's not talk about romantic love or in its romanticized form, but in an attempt to approach it detached from what society claims to be and impose to be. A love in its fullest potential. As Bauman has already stated, the crisis is evident which the concept that surrounds us of love is passing through. It's the acceleration we all have coming across in our lives, the speed of a humanity that has no time to be or the social limitations by which we govern ourselves, oblivious to their existence? We can think about the concept of love in the light of these reasons or we can think of it as something that surpasses them and that has always accompanied the history of humanity as something substantial to existence. Thinking about love is, in one way or another, reflecting on our own substance.

This piece places four bodies that are predisposed to go through an experience that conditions their behavior and pushes them to their limit, as if, being there, they could no longer be in control of themselves and of their matter. They are located in a hybrid, enclosed space, in a kind of warehouse with limits similar to those in a ring. Coming from a rave, entering this ring is the beginning of the experience to which these bodies are subject. The impulses command them until, somehow, space is generated for the subversion of these imperceptible orders. The previous place changes and with its transformation simulates a feeling of autonomy and freedom in these bodies that, from this moment, begin to have their own will, still illusory. The subversion of this first space allows for the alteration of the individual path that each one of the bodies are forced.​" 

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